Seu mundo desmorona a cada hora, tudo dera errado. Seus planos foram atirados pelo chão, seus sonhos se perderam em um lugar impossível de encontra-los, outra vez.

No amor fracassou, amou tanto sem ser retribuída.

E foram tantas paixões que a feriram extremamente.

Agora, tudo passou. A vida se tornou sem sentido. A dor de saber que falhara em muitas coisas, lhe causou uma sensação amargosa. Abafada.

Andava pela cidade cheia, observando as vidas ao seu redor, quantas pessoas amarguradas, perdidas no deserto.

O ser humano busca o tempo todo seu bem estar, mas se depara com tantos obstáculos, nem tudo sai como esperado. As perdas sucessivas se acumulam, com passar dos anos. O desamino vai tomando posse de suas vidas. Buscam feito loucos – alívio para a incomensurável insatisfação. Param nas esquinas das horas suas dores. Seus medos. Suas vontades. Seus quereres.

E assim, se sente hoje, estacionada em alguma esquina, feito um carro de motor fundido, não há como sair do lugar.

Entrou num shopping movimentado, dirigiu-se a uma cafeteria, pedira um chá gelado, de amora.

Pegou um espelho na bolsa Louis Vuitton, apanhou um batom, fitou os lábios e o delineou de rosa bem claro, era uma mulher bonita, dessas que chama atenção por onde passa.

Seu desejo era ficar sozinha, precisava ficar com si mesma, precisava sofrer seus dilemas, precisava se reencontrar, se refazer. As lágrimas contidas e escondidas por um sorriso dissimulado, ninguém notava.

Não queria expor sua tristeza.

Doía demais saber que na sua vida nada fora da forma que almejava, mas nem sempre as coisas são da maneira que a gente quer. Que a gente precisa.

Ao contemplar ao redor, por acaso seu olhar deparou com uma antiga paixão. Num flash voltara ao passado…

Logo, estavam na mesma mesa. Conheceu-o há mais de dois anos, época em que ele acabara um relacionamento e estava embriagado de paixão, mesmo gostando dele e o querendo mais que um amigo, entrara sua vida, algo que a machucou deliberadamente. Não se apaixonava dessa forma há bastante tempo, no entanto ele lhe trouxera um efeito bom, algo gostoso de sentir.

Falaram um pouco sobre suas vidas, ela tentara disfarçar a tristeza, em vão.

O mundo notava sua tristeza. Seus olhos foscos.

Até teve vontade de se jogar naqueles braços, porém não obteve coragem.

Ponderou.

Mediu as palavras.

Conteve qualquer gesto.

Despediram com um forte abraço, ah, aquele abraço lhe fez tão bem, pudera ficar ali pra sempre, protegida dos seus medos, de sua solidão.

O jeito era seguir em frente, vencer seus conflitos, afagar o passado sabendo que ele não importa mais, pois já passou.

Voltar a sorrir.

Voltar a sonhar.

Reencontrar a tão esperada felicidade.

Você precisa ser feliz – não é?