Seria bom se certas coisas ocorressem apenas no dia 29 de fevereiro.
Com ela foi assim. Nasceu nesse dia, se apaixonou alguns anos depois nesse dia.
As melhores coisas da sua vida ocorrem consecutivamente nesse dia.
E até se casou, depois de tanto tempo, nesse dia.
Coincidências do destino ou escolha dela mesmo sem querer.
E as horas rolaram.
Hoje saiu de casa no mesmo horário de costume, dirigiu tentando ter calma, no caótico trânsito da cidade.
Algum tempo depois deixou o carro num estacionamento perto de onde trabalhava.
E a parte da manhã transcorreu sem novidade, a rotina se reproduzia.
No horário do almoço saiu sozinha, o calor estava insuportável, optou por procurar um restaurante que tivesse variedades de saladas, ao pegar o prato; uma mão tocou a dela. Ao levantar os olhos se deparou com um belo jovem, parecia ter entre vinte e vinte cinco anos, ele se desculpou com um sorriso.
_ Podemos sentar à mesma mesa? – perguntou cuidadosamente.
E durante o almoço se conheceram melhor.
Cada um seguiu seu curso. A tarde foi muito demorada, a mais demorada dos últimos anos, para ela, para ele. No final do expediente caminhou logo para o estacionamento, ele a esperava na porta.
Entraram no carro.
E um beijo foi inevitável. As mãos apertavam os corpos que queimavam de desejo. Aquele homem era fascinante, tão fascinante a ponto de fazê-la esquecer de seu casamento e de suas obrigações.
Cedeu à inesperada paixão.
Resta saber se no próximo dia 29 de fevereiro ainda estarão queimando juntos, se resistirão às mazelas sentimentais e sexuais que nos faz ter a necessidade de queimar em outros braços nem que seja uma vez na vida.
