Amou densamente.
E por esse motivo foi usada, ludibriada, humilhada perante todos. Por dias e dias se sentira aleijada, sofreu em silêncio.
Toda dor é findada em algum momento. Toda dor pode ser substituída por outros desejos, profundo desejo.
Nela fora despertado o desejo de matar. Somente assim se livraria dos seus medos. Do que lhe faz imensamente infeliz.
E assim fora feito.
Planejou com requinte de discrição o homicídio. Não deixaria pistas. Não haveria dor, tão-somente a sensação da morte inesperada, a vítima não quer morrer, porém chegara a hora da partida, não haveria opções.
Marcou um encontro. Não precisou de argumentos para convencê-lo, afinal ele era um homem manipulável.
Antes do ato derradeiro um ato de amor, de ambição, de saudade.
Beijou-o com necessidade.
Cheirou sua pele quente.
Sentia seu calor, seus suspiros, sua ereção.
Os corpos se misturavam em um só…
A seguir um brinde ao momento, para ele a mera quimera do reinicio, homens são sempre carentes e caem nas garras femininas mesmo querer.
Mais uma vez se amaram.
Ela sorveu seu membro o deixando enlouquecido. Sugava com perfeição, com anseio, com fugacidade.
Um orgasmo fora inevitável. Sem pudor algum. Nunca ninguém lhe fizera isso. Foi a melhor experiência vivida. A última.
E mais outro orgasmo, minutos depois outro e mais outro e mais uma vez, deixando-o exausto, sem forças, necessitando de descanso.
Chegara a hora da sua morte.
Uma morte lenta sem dor, mas sentida a cada segundo. Esganava-o com frieza, fitando seus olhos pedintes de piedade, por causa do excesso de bebida e sexo não tinha forças, se debatia e o ar se exauria do seu pulmão rapidamente, foi perdendo a cor, os sentidos, os sinais vitais.
Após o delito, contemplou pela última o homem que tanto amou. Que feriu sua moral, sua autoestima, a traindo com sua melhor amiga. O homem a quem dedicou seu sentimento, sua vida. O homem que dedicou seu coração.
A dor de uma traição nunca cessará, mesmo com o advir dos anos, suas lembranças a citará de volta lhe deixando sem chão.
A memória em muitas ocasiões será sua inimiga. Será a causadora de suas lágrimas, seus lamentos.
Ah, quanta dor guardada.
Pegou o fosforo, riscou e o jogou em cima da cama, onde o cadáver estava, viu a chama se acender e tomar forma aos poucos, lapidando o seu traidor.
Em pouco tempo o quarto tornara-se um inferno e a fumaça começara a invadir o ambiente.
Com calma, sem pressa, pegou a bolsa, retirou o celular. Discou um número.
__ Bombeiros, boa noite.
Certamente chegariam tarde demais.