O bairro Sion é equipado com boa infraestrutura comercial, de lazer, escolas públicas e particulares, praças e parques bem conservados, possui um grande número de bares e restaurantes. Há ainda áreas verdes, como a pequena reserva ecológica da Mata das Borboletas e praças bem cuidadas.
O antigo Colégio Sion, atual Santa Dorotéia, internato religioso para meninas, filhas de famílias tradicionais mineiras, serviu de inspiração para o nome do bairro, que teve sua primeira planta aprovada pela Prefeitura de Belo Horizonte em 1928. Na época, as dificuldades de acesso e a distância do centro urbano fizeram com que o lugar ficasse quase isolado, até sua expansão, a partir dos anos quarenta e cinquenta.
Em pouco mais de duas décadas, o bairro se transformou e tornou-se um dos mais tradicionais e valorizados da zona sul de Belo Horizonte.
Nos últimos dez anos tem sido alvo de forte especulação imobiliária. Consolidado como área nobre, atrai empreendimentos imobiliários de alto luxo, o que vem provocando grande verticalização do bairro. Vários casarões e até mesmo pequenos prédios são demolidos para dar lugar a grandes edifícios residenciais. Esta mudança traz consequências, como a perda do clima de tranquilidade e sossego.
E em um desses condomínios de alto luxo vive Rosália, jovem suntuosa, de família clássica, teve uma educação severa, porém teve igualmente excessos de mimos, pois é filha única.
Hoje deixou para trás aquela menina desengonçada e deu lugar a uma extravagante senhorita. Sua pele é alva, sempre bem cuidada, a qual disfarça a palidez com maquiagem, todos os dias. Seus olhos claros, para ser exato marrom claro brilham que nem estrelas em noite sem luar. Seus cabelos sempre estão mudados, não sei dizer se são lisos ou se são ondulados, a cor se alterna entre um chocolate claro e um louro dourado escuro. O corpo, seu corpo sempre chama atenção.
Nem mulher-fruta tem um corpo tão perfeito e com um detalhe tudo é extremamente natural, nada de peitos, bundas ou pernas de silicone.
Sua rotina diária é no escritório do pai, um advogado bem sucedido, ela começara a seguir seus passos, se formara recentemente em Direito.
E foi no baile de formatura ocorrido no salão nobre de um importante clube da cidade, que conhecera o jovem que lhe despertou o amor.
Primeiro, a troca de olhar.
Ela estava ainda mais bela do que de costume. Trajava o vestido de um estilista renomado mundialmente, o conjunto de joias contendo autênticos diamantes iluminava mais sua face dócil.
E dançaram uma canção romântica, dessas que não se toca mais, mesmo em boas festas.
Após alguns minutos o primeiro beijo. Que sabor bom tinha um beijo apaixonado, as bocas queriam sentir mais aquele sabor.
As mãos fizeram uma viagem ousada pelas curvas – dele e dela.
No final de tudo, simplesmente a deixou em casa e apenas trocaram os números de telefone.
Rosália se apaixonou não podia deixar de pensar nele. Fechava os olhos e sentia o sabor do seu beijo, o cheiro do seu marcante perfume.
Esperou uma semana na esperança de que ele ligasse, também não queria dar o braço a torcer, não poderia demonstrar escancaradamente seu sentimento.
E sofreu por amor, mesmo sem querer, sentia aquela peculiar dor que nos deixa sem vontade de fazer nada, que nos deixa em conflito interno.
Quase um mês passou e ele não ligou.
Depois de muitos dias, Rosália decidiu ligar, no entanto não foi atendida, todas as ligações eram direcionadas para a caixa postal.
Com dor no peito concluiu que o melhor seria apagar aquela noite, aquele beijo, aquelas mãos.
Numa tarde de inverno ao sair do escritório, passou no shopping para tomar um café na cafeteria que frequentava com sua mãe. Encontrou uma amiga que coincidentemente o conhecia.
__ Nossa, você o beijou? – perguntou com ironia.
__ Sim. Beijei-o e me apaixonei por ele – respondeu rispidamente.
E a verdade veio dilacerando sua remota expectativa – ser dele.
__ Ele é gay. Sempre o que pais estão por perto, ele fica com alguma mulher para afagar as suspeitas, vive duas vidas e não pode assumir sua preferência sexual, pois com os genitores e a família careta, se assumir estará arruinado.