Adaptações

Um grande engano

Um jovem recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro reino, uma terra distante.
Recebeu também o melhor cavalo para realizar essa jornada.
O soberano o avisou:
“Cuida do mais importante e cumprirá a missão.”
Assim, o jovem preparou o seu alforje, escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou os diamantes numa bolsa de couro amarrada à cintura, sob as vestes.
No dia seguinte, bem cedo, sumiu no horizonte.
E não pensava sequer em falhar.
Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto, com certeza, para desposar a princesa.
Esse era o seu sonho…
Para cumprir rapidamente a tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam seu único companheiro, seu cavalo.
Exigia o máximo do animal.
Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe aliviava da sela e nem da carga, muito menos se preocupava em dar-lhe de beber ou providenciar algum alimento.
Um viajante o alertou:
“Assim, meu jovem, acabará perdendo o animal.”
“Não me importo” – respondeu, com indiferença, em tom arrogante. “Tenho dinheiro, se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará.”
Os dias passaram…
Com tanto esforço, o pobre animal não suportando mais os maus tratos, caiu morto na estrada.
O jovem simplesmente amaldiçoou-o e seguiu o caminho a pé.
Porém na parte onde estava haviam poucas fazendas, além disso, ficavam muito distantes uma das outras.
Passadas algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o animal.
Sentiu-se exausto e sedento. Já havia deixado pelo caminho toda bagagem, com exceção das pedras, pois se lembrava da recomendação do rei “Cuida do mais importante.”
Seus passos tornaram-se curtos e lentos.
As paradas frequentes e longas.
Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada, onde ficou desacordado. Para sua sorte, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, encontrou-o e cuidou dele.
Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de volta em sua cidade.
Imediatamente solicitou falar com o rei para contar o que havia acontecido e com a maior desfaçatez, colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo “fraco e doente” que recebera.
“Majestade, conforme me recomendou, cuidei do mais importante, aqui estão os diamantes… cuidei deles.”
O rei os recebeu de suas mãos com tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos.
Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado.
Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:
“Ao meu irmão, rei da terra do Norte! O jovem que te envio é candidato a casar-se com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade e a força de quem o auxilia na jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido, nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha e nem àqueles que o servem”.

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